A Microsoft está a dar cartas com o lançamento de uma nova tecnologia ambiciosa para os consumidores e que, segundo os executivos constitui uma nova forma de interacção com computadores através do televisor ou de um grande ecrã.
Vendido inicialmente como um extra para consola de jogos Xbox, este dispositivo, de nome Kinect, usa câmaras detectoras de movimento e microfones como comandos, conduzindo ao que, para a Microsoft, será um interface muito mais natural entre humanos e o computador, com base em gestos e voz. Quanto ao potencial a longo prazo desta tecnologia, as expectativas são muito elevadas para a Microsoft, sendo o Kinect visto como o novo produto de consumo. Os avanços tecnológicos proporcionados por esta tecnologia têm vindo a ser louvados por uma série de especialistas fora da empresa.
"Trata-se de um dispositivo importante e que combina controlo por movimentos e por voz e reconhecimento facial. Ficção científica na verdadeira acepção do termo", como afirma James McQuivey, analista da Forrester Research. Mas, segundo este especialista, a Microsoft terá que ultrapassar algumas limitações históricas para explorar o potencial tecnológico do Kinect e aplicá-lo em produtos para o consumidor.
A Microsoft passou anos a gastar milhões e milhões de dólares nos seus laboratórios de investigação e a tentar inventar formas cada vez mais diferentes e naturais de controlar os computadores. Mas os seus rivais acabaram por lhe roubar protagonismo, desenvolvendo novas tecnologias que conquistaram as massas.
A Nintendo assegurou a liderança no negócio dos jogos com o comando de detector de movimentos da sua consola Wii, enquanto a Apple introduziu um interface multi-toque no seu iPhone que agitou os mercados de ‘smartphones' e de computadores ‘tablet'.
As empresas de tecnologia "estão a gastar, cada vez mais, e a colocar mais ‘gadgets' e dispositivos nas nossas mãos. Mas queríamos acabar com isso" afirmou Alex Kipman, que lidera o desenvolvimento deste projecto na Microsoft.
A Microsoft limitou o seu trabalho ao Kinect até desenvolver esta tecnologia para a sua consola de jogos, mas acredita que a mesma terá um impacto muito maior, afirma Kipman. "As novas aplicações permitem a utilização dentro de salas de operações esterilizadas, podendo os cirurgiões aceder rapidamente a informações frente a um ecrã, usando comandos de voz", acrescentou. A juntar a todo este arsenal de tecnologias que proporcionam um interface mais natural, a Microsoft comprou a Canesta, uma empresa privada com sede em Sillicon Valley e que desenvolveu um ‘chip' que detecta objectos a 3D. As 44 patentes reclamadas pela Canesta vão juntar-se ao que Kipman descreveu como "várias centenas" de patentes Microsoft que já servem de suporte ao Kinect.
E para tornar esta tecnologia mais promissora, a Microsoft terá que se centrar mais naquilo que mostrou até agora, afirmou McQuivey.
Os enormes lucros que arrecada com o sistema operativo Windows sempre impediram esta empresa de explorar o potencial deste novo tipo de tecnologia que, aos olhos de muitos, sempre foi subserviente ao Windows, acrescentou. Alex Kipman afirmou ainda que a Microsoft nada fez, até agora, para encorajar a criação de aplicações que permitam tirar partido do Kinect, à semelhança do que a Apple fez quando abriu a sua plataforma iPhone.
Kipman sublinhou que o Kinect contava com apoio "ao mais alto nível" no seio da Microsoft e que já tinham sido iniciadas discussões com outras divisões na empresa quanto às possíveis utilizações desta tecnologia. O Kinect já está venda (desde a semana passada) nos EUA e desde ontem na Europa.
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